Produtos e Serviços Médicos com Alíquotas Reduzidas: O que mudará com a Reforma Tributária?

A reforma tributária, recentemente aprovada pelo Congresso Nacional e atualmente em processo de regulamentação no Senado, promete transformar o sistema tributário brasileiro, com implicações para o setor de saúde.

Este setor, vital para o bem-estar da população, deverá beneficiar de mudanças que visam a simplificação do sistema de impostos, além da redução de alíquotas aplicáveis a produtos e serviços médicos. A seguir, discutimos os principais pontos dessa reforma tributária que afetam diretamente o setor de saúde.

A reforma tributária, pretende alterar significativamente as alíquotas aplicadas a diversos segmentos econômicos, incluindo a saúde, com o objetivo de simplificar e modernizar o sistema tributário brasileiro.

Acompanhe até o final!

Contexto Atual do Sistema Tributário.

Atualmente, o sistema tributário brasileiro é considerado complexo e altamente burocrático. São mais de 90 tributos entre impostos, taxas e contribuições, que se aplicam de formas diversas a produtos e serviços, dependendo do local, da categoria de produto e do regime fiscal da empresa.

Na área da saúde, essa complexidade se manifesta em alíquotas variadas para equipamentos médicos, medicamentos, e serviços de saúde, gerando uma carga tributária muitas vezes elevada que se reflete nos preços ao consumidor final.

Tributos Incidentes:

Entre os tributos que incidem atualmente sobre produtos e serviços médicos estão:

1. ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): cobrado pelos estados, com alíquotas que variam dependendo do produto e da unidade federativa.

2. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): Aplicado sobre produtos médicos fabricados ou importados.

3. PIS/COFINS (Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): Contribuições federais que incidem sobre a receita bruta das empresas.

4. ISS (Imposto sobre Serviços): Incide por municípios sobre a prestação de serviços médicos.

Desafios do Setor.

A carga tributária elevada impacta diretamente o setor e limita o acesso para o consumidor, a tratamentos e equipamentos essenciais. Além disso, a burocracia associada ao cumprimento das obrigações consome recursos fiscais significativos de tempo e dinheiro das empresas do setor de saúde.

Principais pontos da Reforma Tributária.

A reforma tributária visa a simplificação do sistema tributário por meio da unificação de tributos e a redução de alíquotas para alguns setores, incluindo a saúde. As principais alterações incluem:

1. Simplificação Tributária e Criação do IBS

A principal mudança introduzida pela reforma é a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que substituirá cinco tributos existentes: ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI. Essa substituição busca simplificar o sistema tributário ao unificar os tributos sobre o consumo em um único imposto de valor agregado.

Para o setor de saúde, essa unificação deve reduzir a complexidade administrativa, facilitando o cumprimento das obrigações fiscais e custos associados à gestão tributária.

2. Redução de Alíquotas para Produtos e Serviços de Saúde.

A reforma prevê também a redução de alíquotas para produtos e serviços essenciais, com destaque para o setor da saúde.

Medicamentos, dispositivos médicos e alguns serviços relacionados terão alíquotas reduzidas em até 60%, ou, em alguns casos, poderão ter alíquotas zeradas.

Isso se traduz em uma carga tributária menor para clínicas, hospitais e pacientes, o que facilitará o acesso a tratamentos e tecnologias médicas, além de estimular o crescimento do setor.

3. Manutenção do Simples Nacional.

Os profissionais de saúde organizados como pessoas jurídicas têm a opção de se enquadrar no regime do Simples Nacional, que será mantido com as mesmas alíquotas atuais. Esse regime oferece vantagens tributárias significativas, especialmente para pequenas e médias empresas do setor de saúde.

Com a reforma, essas continuarão a beneficiar de uma empresa fiscal simplificada, incentivando a formalização e o crescimento das práticas de saúde privadas.

4. Recuperação de Créditos Tributários.

Uma inovação importante trazida pela reforma é a possibilidade de recuperação integral de créditos tributários para as empresas. Isso significa que os tributos pagos na aquisição de bens e serviços poderão ser recuperados, o que pode reduzir significativamente a carga tributária efetiva das empresas do setor de saúde.

Esse mecanismo é especialmente benéfico para negócios que fazem investimentos em tecnologia e infraestrutura, já que poderão recuperar uma parte maior dos tributos pagos nessas transações.

5. Desoneração da Folha de Pagamento.

A reforma também abordou a desoneração da folha de pagamento, que é uma preocupação central para o setor da saúde, onde os custos de pessoal representam uma parcela específica das despesas totais.

A desoneração poderá liberar recursos que poderão ser reinvestidos na melhoria dos serviços prestados, na ampliação do atendimento ou na aquisição de novos equipamentos e tecnologias.

6. Introdução do Nanoempreendedor.

A reforma introduz a categoria de “nanoempreendedor”, que se aplica a pessoas físicas com faturamento anual de até R$405 mil que não optam pelo MEI. Esta nova categoria não será considerada tributária do IBS e da CBS, oferecendo um ambiente mais favorável para pequenos participantes de serviços de saúde que operam de maneira informal.

Isso poderá incentivar a formalização desses profissionais, proporcionando-lhes acesso aos benefícios sociais e financeiros associados à formalização.

Impactos da Reforma Tributária na Saúde

1. Redução de Custos:

A aplicação de alíquotas reduzidas para produtos e serviços médicos poderá diminuir significativamente os custos operacionais de clínicas, hospitais e laboratórios.

Essa redução pode ser repassada aos consumidores, tornando o acesso à saúde mais eficiente.

2. Simplificação Tributária:

A unificação de tributos visa promover um sistema mais simples e transparente. Para o setor de serviços de saúde, isso significaria menos tempo e recursos, gastos em conformidade tributária e mais foco na melhoria dos serviços prestados.

3. Estímulo à Inovação:

Com a desoneração e redução de custos, as empresas do setor de saúde gastam mais recursos para investir em inovação e tecnologia. Isso poderia resultar em melhorias significativas na qualidade do atendimento e na eficiência operacional das instituições de saúde.

Desafios e Considerações.

1. Transição para o Novo Sistema.

Face às mudanças significativas, a transição para o novo sistema pode trazer desafios. As empresas precisarão adaptar seus sistemas e processos para atender às novas exigências, ou que possam exigir investimentos significativos em tecnologia e treinamento.

2. Ajuste das Alíquotas.

A definição das alíquotas específicas para o setor de saúde, regulamentação que está em trâmite no Congresso Nacional, é crucial que sejam definidas de forma a garantir a competitividade do setor sem comprometer a arrecadação necessária para o funcionamento do Estado.

3. Impacto nos Pequenos Prestadores.

Os pequenos prestadores de serviços de saúde podem enfrentar dificuldades na adaptação ao novo sistema, especialmente se as mudanças aumentarem a complexidade administrativa ou os custos de conformidade. As medidas de apoio e transição devem ser consideradas para garantir que essas empresas não sejam prejudicadas.

Por fim, a reforma tributária, já aprovada e com a regulamentação em andamento no Congresso Nacional, tem o potencial de transformar significativamente o setor de saúde, oferecendo alíquotas reduzidas para produtos e serviços médicos que podem aliviar custos e melhorar o acesso à saúde para a população.

No entanto, a implementação bem sucedida dessas mudanças exigirá uma atenção às complexidades e desafios associados à transição para um novo sistema tributário, nesse ponto, é imprescindível contar com um contador experiente no setor de saúde.

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